Zé Pilintra: Santo Popular
Texto por Mona Muánde
Quem nunca ouviu falar de Zé Pilintra?
Até mesmo quem não é de religiões ou cultos em que o Nego é cultuado, conhece o “Seu Zé”.
A liberdade e a tranquilidade com que esse espírito trafega entre religiões e cultos é sensacional. Seja no Rio de Janeiro, nas primeiras Macumbas e Quimbandas, nos Terreiros de Umbanda e Candomblé e nas Casas de Jurema e Catimbó. Se apresenta em diversas regiões do Brasil e macumbas, e, em muitas delas ao mesmo tempo.
Que o Nego é foda, isso é fato. Sabe entrar e sair de qualquer lugar é um verdadeiro camaleão. O próprio Reino da Lira foi testemunha de sua vivência e inteligência. Amante da vida e da madrugada!
Seu Zé é astuto por natureza, versátil, companheiro, manso, feroz, amigo, inimigo, mulherengo, leal, entre outras características que seria impossível listar aqui. É impossível definir o Nego com palavras.
Por onde passa Seu Zé faz o que quer! Na Quimbanda ele é Exu, na Umbanda e Candomblés um Malandro, na Jurema um Mestre Curandeiro. O Nego vem pra trabalhar, auxiliar, tomar uma cerveja e fumar um bom charuto. Por que não?!
Vem pra confundir aqueles que acham que sabem tudo. Alguns tentam criar regras para manter Zé Pilintra preso em suas próprias convicções. E é claro que isso não se sustenta! Como aprisionar um espírito que jamais se rendeu aos caprichos sociais e hipocrisia alheia?
Seu Zé está à margem da sociedade e não faz questão nenhuma de ser bonzinho ou cumprir caprichos sociais alheios. Sua amoralidade é volátil. O Nego tem laços com todos, com o policial, com o ladrão, prostitutas, povo de rua, com o malandro e até mesmo com o otário. “Seu Zé” faz o que quer!
Tem quem ame e tem quem odeie, o Nego está na boca de todos. Afinal, falando bem ou mau, estão falando!
E diante de todo trabalho, força e sensibilidade Seu Zé sempre conseguiu conquistar o seu lugar. Fez isso na moral, na malandragem. Conquistando o respeito e a devoção no coração daqueles que tiveram a oportunidade de conhecer o Nego e “trocar uma ideia”, pedir um conselho ou beber e jogar conversa fora.
Atraindo por todo País a atenção e o respeito, se tornando, naturalmente: o santo popular. Mesmo que de “santo” Seu Zé não tenha nada! Esse é o barato!