O meu lugar.
Por Mameto Emekabande
A lua ilumina os meus caminhos, o sangue nas minhas veias ferve, a minha pele arrepia e o meu coração pertence. Esses caminhos para tantos tão caótico, é onde eu chamo de casa.
"Já sei para onde eu vou, eu vou sentir o calor da rua"
Desde nova eu varo a madrugada em busca de respostas, como um andarilho ou até mesmo um eremita, se assim você preferir me chamar.
Mas embora pareça que nada tenho, a sabedoria não cabe no bolso e nem se conta em moedas, ás vezes é preciso perder tudo para entender o mundo e você mesmo.
E foi dentro dos olhos desses caminhantes que nada possuíam que eu encontrei as respostas que eu procurava e que continuam aparecendo para mim. Foi por essas ruas no meio da madrugada, sentada em colchões, ouvindo a história de cada um, abraçando, dando a mão e entendendo os porquês de estar na rua.
Que eu consegui ver um lado de Exu e Pomba Gira que nunca havia pensado em ver, que consegui entender a minha riqueza e também a minha pobreza. A humildade daqueles rostos, a força de quem não tem nada a perder, a coragem, a liberdade, o senso de pertencimento no mundo e principalmente a risada estridente.
Como é possível rir em tal situação?
Quando não se tem nada?
Porque quando nada se tem a tudo pertence, você é um andarilho, um cidadão do mundo e é na rua que é o seu lar.
É olhando nos olhos da minha própria miséria, que encontro a minha força e a minha clareza. É nos braços da noite que eu corro, caminho e danço e sinto a água e o fogo que correm nas minhas veias. Um mistério impossível para quem não está disposto a dar tudo o que tem em busca da própria sabedoria.
Eu estou.
E quantas vezes necessário, serei capaz de me consumir nessas chamas e das cinzas ressurgir formando uma nova casca, cada vez mais forte e inquebrantável.
Eu sei quem eu sou, por onde ando e o lugar que eu ocupo nessas ruas.
A encruzilhada pode parecer um lugar de muitas dúvidas para a maioria das pessoas que conheço mas para mim é o encontro dos caminhos onde regojizo a minha liberdade.
