Kimbanda Congo: O resgate da Cultura Bantu no Brasil
Por Mametu Emekabande (Ingrid Gründig)
A Kimbanda Congo é uma vertente específica da Kimbanda que se originou nas tradições religiosas Bantu do Congo e Angola. Foi trazida para o Brasil pelos escravos africanos durante a época colonial e foi se desenvolvendo como uma das tradições afro-brasileiras mais viscerais e folclóricas que nós temos.
É uma tradição caracterizada por não fazer tanto sincretismo e mistura como as outras tradições, e sim um resgate bantu, mas também carrega elementos da nossa pajelança, curandeirismo, bruxaria local e premissa de ancestrais feiticeiros. Acredita-se em um panteão de divindades, incluindo Nkisi, Bakulu, Mpungos, que representam diferentes aspectos da natureza e dos espíritos ancestrais. Nas ritualísticas de Kimbanda Congo alguns objetos mágicos são imprescindíveis para o N'ganga (feiticeiro), são esses a mpaka menso fua, o seu vititi ngombo (oráculo), o seu poko (faca), e o seu chapéu – onde são riscados pontos de poder que compõe o mistério que o Tata N'ganga carrega.
A forma em que os ancestrais são assentados difere totalmente da ritualística habitual da maioria das outras Quimbandas que carregam uma forte influência brasileira. Não são colocadas terras, tridentes ou até mesmo argila (a menos que seja para fazer um vulto). Dentro dessa vertente e no caminho mágico que é inserida na tradição, o nosso assentamento ancestral masculino é chamado de Kunda e depois, ao longo da jornada, pactuamos com a Panjira (assentamento ligado a todas as ancestrais femininas).
Uma das principais coisas que aprendi nessa caminhada dentro da Kimbanda Congo é que é muito importante unificar os nossos ancestrais, ao invés de dividir. Assim, o n'ganga carrega consigo uma unidade sublime, e caminha com os dois pés firmes nesse mistério da água com fogo que é a arte quimbandeira.
N'guzo ê Kimbanda Congo!! Tatschi mbote N'guzo!!